Japão

Japão pede desculpas após morte de mulher em imigração

A Agência de Serviços de Imigração admitiu falhas no sistema de atendimento médico em um relatório de investigação sobre a morte de uma mulher do Sri Lanka detida na imigração em Nagoya, que foi divulgado nesta terça-feira (10).

O relatório também apontou que repetidos pedidos de cuidados médicos para Ratnayake Liyanage Wishma Sandamali, não chegaram aos oficiais do Escritório Regional de Serviços de Imigração de Nagoya. Ela morreu com 33 anos de idade na instalação em março.

A Ministra da Justiça Yoko Kamikawa se desculpou pelo tratamento dispensado a Wishma pela instalação de Nagoya, que resultou em sua morte, e prometeu reformar os serviços de imigração do país.

“Não consigo lamentar profundamente o quão solitária, ansiosa e sem esperança ela deve ter se sentido à medida que sua saúde piorava”, disse Kamikawa em entrevista coletiva.

Shoko Sasaki, chefe da Agência de Serviços de Imigração do Japão, disse aos jornalistas em uma coletiva de imprensa separada: “O escritório de Nagoya na época não tinha consciência de sua responsabilidade de garantir a segurança das pessoas e se relacionar com elas de forma respeitosa”.

A agência anunciou punições aos funcionários da unidade de imigração, citando sua falha em colocar em prática e operar um sistema necessário para o desempenho de suas funções. Taketoshi Sano, chefe da instalação, e Shinichi Watanabe, então vice-chefe, e mais dois outros funcionários foram repreendidos.

A agência montou uma equipe de investigação e ouviu especialistas terceirizados, incluindo profissionais médicos, examinando o caso de Wishma, que veio para o Japão em 2017 com um visto de estudante e foi levada para a instalação em Nagoya em agosto de 2020 depois de ultrapassar o prazo de seu visto . Ela morreu em 6 de março enquanto estava sob custódia, após reclamar de dores de estômago e outros sintomas em meados de janeiro. Ela havia solicitado a liberação provisória para tratamento hospitalar, mas o pedido foi recusado.

O relatório observou que um médico em tempo parcial foi destacado para as instalações em Nagoya apenas duas vezes na semana, durante duas horas por dia trabalhado. A equipe médica não estava disponível aos sábados, dia em que ela morreu, e a equipe do estabelecimento não fez uma chamada de emergência, de acordo com o relatório.

Seus pedidos de tratamento hospitalar, que precisavam ser aprovados pelo chefe da unidade para serem realizados, acabaram não sendo ouvidos por nenhum dos oficiais superiores. Muitos oficiais de detenção suspeitaram que Wishma havia exagerado seus sintomas na esperança de ser libertada temporariamente, mostrou o relatório.

Também descobriu que um oficial de detenção zombou dela quando ela não conseguiu engolir e derramou a bebida pelo nariz. Existe a possibilidade de que Wishma tenha sido submetida à violência de seu namorado do Sri Lanka antes de ser detida. Mas as autoridades de imigração não conduziram as audiências necessárias sobre o assunto, conforme exigido pelas regras internas, informou o relatório.

A fim de evitar que casos semelhantes ocorram no futuro, o relatório apresentou um plano para elaborar novas diretrizes operacionais sobre a liberação temporária de pessoas doentes em centros de detenção e convocou um painel de especialistas para desenvolver formas de fortalecer os sistemas de cuidados médicos em tais centros.

O relatório também observou que a Agência de Serviços de Imigração irá criar um balcão de informações para permitir que aqueles que apoiam os detidos forneçam informações sobre comportamento ilegal ou impróprio por parte dos oficiais de imigração. A agência também estabelecerá uma nova divisão responsável por inspecionar e dirigir os oficiais de imigração.

A família de Wishma e os legisladores da oposição exigiam a divulgação das imagens da câmera de segurança de seus últimos dias. A agência de imigração deve liberar a filmagem para sua família.

Fonte: Jiji Press/Kyodo-via Japan Times
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